terça-feira, 26 de maio de 2009

O valor de uma amizade.

Você já parou pra pensar qual o real valor das pessoas que estão ao seu redor?
Às vezes é preciso que o pior aconteça pra gente perceber o quão importante elas são, não é mesmo?
Às vezes é necessário que o equilíbrio que há entre as pessoas se quebre, então vemos como uma parte do nosso coração vai junto.
É como se fosse nos tirado o véu. A gente passa a ver claramente como um abraço, um conselho, um bom dia, um olhar, um beijo soprado fazem diferença de verdade pra nossa felicidade.
Certa vez li que os amigos são anjos sem asas. Creio que anjos não chegam a ser, mas que foram enviados pelo Céu para nosso crescimento, isso eu sei que sim, amigos de verdade mesmo.

E você já parou pra pensar também, como pequenos detalhes, palavras, ações, que você considerava insuficiente pra derrubar alguma coisa, são exatamente esses detalhes, que te derrubam depois? E pior, quando foi você que o causou, você não imaginava que fosse causar isso tudo.
E agora, como regressar? Como retornar ao ínfimo da relação, e dar novo sopro? Não tem passe de mágica. Não dá.
O jeito é deixar que o tempo e o amor cure as feridas. Por que amizade que é amizade, resiste a tantas quantas forem precisas. É uma forma nobre de amor, pouco encontrada, mas muito preciosa.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A escola, os alunos e um futuro não tão brilhante.



Sala de 3º ano do Ensino Médio de uma escola particular. Um professor de química pede demissão em plena sexta-feira, na metade de maio. A causa: os alunos. Parece meio ridículo, mas não: é 'inteiro' ridículo. Não se sabe como chegou a esse ponto, mas os alunos agora desprezam o trabalho do professor. O professor virou só mais um empregado, o qual depende inteiramente do pagamento da mensalidade do aluno, e por isso, tem que se submeter às vontades do aluno. Virou um picadeiro. O professor é ao mesmo tempo o domador de leões e o palhaço, enquanto os leõezinhos se divertem as custas do pobre palhaço-domador.
Sobra ao professor escolher entre a humilhação, a ignorância ou a demissão. É simplesmente inaceitável ter que aceitar que só há essas opções, mas, de alguma maneira, só há elas mesmo. O que os alunos estão fazendo é comparável a um cara que faz uma feira num supermercado, paga caríssimo por aquilo, e de repente sai correndo sem levar a feira e logo atrás dele sai correndo o gerente: "Senhor! Sua feira, suas compras! O senhor pagou por elas! Tome!". Que cliente faria isso? Nenhum consciente, certamente. Porém, existe um tipo de cliente que faz isso constantemente: alunos de escolas particulares. Enquanto os pais suam a camisa pra garantir mais uma mensalidade paga, eles usam as fardas para gazear mais uma aula, levar mais uma suspensão, conversar sobre a novela na aula de matemática. E está "tudo normal", está tudo bem.
Ver que pessoas que não estão nem aí para a educação me faz sentir medo do que o futuro meu e de minhas futuras gerações será. Mas me acalmo quando vejo que ainda existem pessoas que se importam com isso, que vêem na educação uma maneira de mudar o mundo. Isso conforta, porém não muda o fato de que a juventude está perdida. Estamos vivendo ainda a onda 'hippie' de libertinagem (que não é a mesma coisa que liberdade), e a tendencia é que as coisas só piorem, e esses comportamentos ruins sejam ainda mais normais.

"Senhoras e senhores, aproximem-se! O picadeiro está montado e leão não quer ser domado!"

sábado, 9 de maio de 2009

A essencialidade Amor..

Vivemos uma época em que as coisas periféricas da vida estão substituindo os conteúdos essenciais da fé cristã, desviando os crentes da prática de um cristianismo bíblico e simples. Hoje, um sem-número de demandas fazem com que nossa atenção, energias, dons e relacionamentos se desgastem nas notas de rodapé de uma religiosidade quase vazia.

Dentre as coisas essenciais da vida cristã, não há como perder de vista o amor. Preocupo-me quando apregoamos uma verdadeira espiritualidade, mas não amamos. Algo está muito errado quando a igreja não consegue chorar com os que choram ou quando nossos relacionamentos vão se tornando cada vez menos sinceros e mais utilitários. Parece que o mundo age com mais graça e misericórdia com o caído do que o povo de Deus, que deveria ajudá-lo a se erguer. Quando a igreja passa a definir sua experiência de fé a partir de seus ajuntamentos solenes, e não dos seus relacionamentos diários, é hora de parar e pensar sobre o que temos feito do Evangelho.

Ao escrever sua primeira carta à igreja de Corinto, Paulo reserva os capítulos 12 e 14 para explanar acerca dos dons espirituais, pois era um assunto de interesse e necessidade. Ali, o apóstolo elaborou um dos textos mais definidores da nossa fé, o de I Coríntios 13, que nos apresenta a centralidade do amor na vivência cristã. O escritor adverte a comunidade cristã sobre o risco de se construir uma igreja com aparência, forma e discurso espiritual, mas de fato carnal; uma igreja com a manifestação de dons espirituais, mas sem o essencial da fé. A mensagem é clara: o amor é superior aos dons. Sempre temo reler os três primeiros versículos deste capítulo, pois confrontam minha vida ao afirmar que posso ter dons espirituais, uma fé enorme ou praticar toda sorte de ações sociais e, no entanto, nada disso ser aproveitado caso seja feito sem amor. O amor, como aqui exposto, não é apenas superior aos dons, mas um marcador de nossa identidade cristã. Somos dele quando buscamos amar.

Isso significa que nossa vida em Cristo não pode ser definida puramente pelos dogmas que entendemos e aceitamos, por um lado, nem mesmo pelas experiências de espiritualidade que vivenciamos, por outro. Sem amor, uns e outras serão vazios de significado. Nossa vida em Cristo é definida pela presença do amor que não apenas é essencial como também é automanifesto. Para nosso temor e tremor, o Espírito descreve neste capítulo que o amor é perceptível, deixa marcas. Ele é prático, notável e visível. Ele é paciente, esperando pela hora oportuna para o outro; é benigno, fazendo com que a dor do vizinho seja também a nossa. Este amor não arde em ciúmes, portanto evita comparações e se nega a criticar o próximo. Torna-se, assim, impossível amar sem estas evidências, ou seja, sem que as marcas do amor sejam vistas pelos que passam pela mesma estrada que nós. Precisamos amar o próximo, no mínimo, para não criticá-lo. Este próximo, o outro, diferente de nós, é nossa base de testes, o cenário onde devemos aprender a praticar o ato mais sublime que vem do Pai.

O amor prova a espiritualidade. Somos naturalmente seres construtores de máscaras e tais máscaras tendem a esconder aquilo que é nitidamente carnal e vergonhoso. Assim, usando máscaras bem elaboradas, podemos falar sobre fé sem de fato crer; pregar contra o pecado sem intimamente repudiá-lo; expor sobre o amor e na manhã seguinte prejudicar o irmão. Um mecanismo que claramente prova nossa espiritualidade é este: atos de amor.

O oposto do amor também é evidente. Gera incrível tolerância com nossas próprias limitações e fraquezas e torna-se gravemente intolerante com o próximo. Desta forma, se alguém conversa com formalidade, é antipático; mas se nós o fazemos, somos respeitosos. Se alguém brada ao pregar, está sendo artificial. Se nós bradamos, contudo, é sinal de espiritualidade. Se alguém não faz algo, é preguiçoso; mas se somos nós que não fazemos, é porque somos ocupados. Se alguém contrai uma dívida, a nosso juízo é um irresponsável; contudo, se nós nos endividamos, é porque recebemos pouco. Se alguém discorda, é soberbo; mas, se nós discordamos, somos criteriosos.

Para nós, se alguém critica, ele o faz por estar tomado de inveja ou ciúmes. Se nós criticamos, no entanto, estamos sendo zelosos. Se alguém repete um sermão, está sendo desleixado; mas, se somos nós que incorremos nesta prática, é porque “Deus quer falar novamente ao seu povo”. Se alguém erra, pensamos assim: “Era de se esperar” – mas, se o erro é nosso, ora, errar é humano… Se alguém cai, temos pronta a opinião de que suas atitudes carnais já indicavam esta possibilidade. Mas se nós caímos, é porque o inimigo preparou-nos uma armadilha. Se alguém brinca, está sendo mundano. Se nós brincamos, somos informais. Se alguém ofende no falar, é descontrolado; se nós o fazemos, somos sinceros. E por aí vai. Sim, o amor testa a espiritualidade.

Do versículo nove em diante, vemos que o amor é um aprendizado. Eu era menino e agora sou homem; via de forma obscura e agora vejo claramente. Ou seja, amar é um processo, uma caminhada. Nós não nascemos amando.

Para amarmos devemos pedir que o Senhor nos ajude. O salmista, no Salmo 119.2, afirma que andará nos caminhos do Senhor quando Ele dilatar o seu coração. Precisamos de corações dilatados, abertos, prontos para amar. Peçamos ao Pai, pensando nos cenários diários de nossas vidas, dizendo: ensina-me a amar. Para amar precisarmos também nos desapegar daquilo que é incompatível com o amor. John Edwards, em seu livro Afeto religioso, nos fala sobre a incompatibilidade do amor com as palavras de agressão. Devemos nos desprender daquilo que pretere o amor em nossas vidas. Jamais amaremos enquanto nossa agenda diária estiver repleta de competitividade, ciúmes, falso zelo, comparações desnecessárias, soberba e agressões.

Lutero, citado por Mahaney em seu livro From Glory to Glory, nos disse que “esta vida, portanto, não é justiça, mas crescimento em justiça. Não é saúde, mas cura. Não é ser, mas se tornar. Não é descansar, mas exercitar. Ainda não somos o que seremos, mas estamos crescendo nesta direção. O processo ainda não está terminado, mas vai prosseguindo. Não é o final, mas é a estrada. Todas as coisas ainda não brilham em glória, mas todas as coisas vão sendo purificadas”.

Após pregar sobre os essenciais da nossa fé, na Igreja Konkomba de Gana em 1999, lembro-me que um dos crentes me procurou após o culto perguntando: “Por onde devo começar?” Fui para casa pensando nesta pergunta. No outro dia, o procurei e rapidamente encontrei-o embaixo de uma árvore rodeado por amigos em alegre conversa. Sentei-me ao seu lado e sussurrei no seu ouvido: “Comece procurando aquele com o qual você foi intolerante, e não amou como Cristo”. Após um minuto pensando, ele se levantou e saiu caminhando com passos curtos e lentos. Santa caminhada. Não é atitude fácil, mas certamente alegra o coração daquele que é Amor.

Ronaldo Lidório



Retirado do Site Solomon1.